quinta-feira, 4 de junho de 2009

Carma, pecado, redenção e coisa e tal.



Quanto tempo que não escrevo nada, acho que estou enferrujado. Primeiramente peço desculpas a todos que tantas vezes (se existirem realmente alguém) vieram a este espaço e o acharam sem nenhuma atualização, desculpas. Agora gostaria também de dizer que se não fosse uma Bruxinha muito especial em minha vida eu não teria escrito este texto, obrigado por ter cobrado a minha volta a este espaço virtual, fico feliz com isso.

Falar sobre o Carma (estou escrevendo com a letra “C” tendo em vista a nossa pronúncia, muitos preferem escrever com “K”, colocam “H”, todavia isto para mim é irrelevante) é sempre um assunto muito complexo, resolvi escolher esse tema para a minha volta em virtude de uma conversa que tive com um frater através da internet algumas semanas atrás, ele havia me perguntado o que eu achava daquelas pessoas que parecem imunes a Lei do Carma, pessoas que fazem de tudo e parecem que nunca pagam pelos seus atos, na ocasião eu havia até sugerido um exemplo deste tipo de pessoas, claro que de uma maneira bem humorada eu sugeri que seriam os políticos.

Desta simples pergunta muita discussão ocorreu, vou tentar explicar meu ponto de vista de forma resumida neste texto, sabendo antes de tudo que provavelmente muitos não irão gostar, espero que todos tenham a mente bem aberta, não espero que concordem com minha opinião, entretanto, acima de tudo espero que pensem e reflitam sobre.

Primeiramente precisamos compreender qual o ponto de vista mais comum sobre o carma. O carma de maneira mais comum é entendido como a lei de ação e reação, causa e conseqüência ou qualquer outra coisa parecida. Muitas religiões a tem em alta conta, como por exemplo, o espiritismo no Brasil, o Hinduísmo (na forma mais corrente que conhecemos) e outros tantos cultos e ordens. Eles ensinam que quando praticamos um ato iremos criar uma conseqüência que pode vir a ser boa ou ruim dependendo do ato praticado, em suma, se praticamos um ato ruim (roubar, matar e etc.) teremos que pagar por este ato, para alguns pagaremos nesta mesma vida e para outros podemos pagar em uma vida futura.

Ao analisarmos a visão corrente de carma é inegável vermos uma correlação com o que à “religião” cristã chama de pecado, pois pecado é na concepção cristã um ato que vai contra a vontade de deus (os mesmos exemplos, matar, roubar e etc.), ou seja, se praticamos um ato ruim iremos pagar com a punição no “inferno”, aqui que encontramos a diferença com a concepção de carma, pois no carma nós iremos pagar e após pagarmos estaremos livres do peso daquele ato ruim, já para a doutrina cristã se não nos arrependermos seremos punidos eternamente por aquele ato (um dia escrevo sobre o quanto esse raciocínio é ilógico) e se nos arrependemos não teremos que pagar nada, já estaremos livres.

Ao analisarmos o ponto acima vemos que apenas a punição muda, mas a concepção de atos ruins que geram punição é a mesma, ou seja, o pensamento “místico-espiritualista-moderno” está assentado nos mesmos fundamentos do pecado, ou seja, a essência é a mesma só mudando a roupagem em que se apresenta.

Pelo pensamento do carma como nós o descrevemos acima, para responder a pergunta original, ou seja, o porquê algumas pessoas parecem imunes à lei do carma, a maioria das pessoas responderiam que elas pagam sim, nós é que não percebemos os efeitos por estes serem de cunho pessoal, outras diriam que ela pode até não ter pago nesta vida, mas que com certeza irá pagar em sua próxima vida. Sinceramente estes pensamentos apenas não nos convenceram e resolvemos partir para outro ponto de vista, com um fundamento mais nas “Ciências Ocultas”* do que em mera especulação dogmática.

Um conceito muito aceito nos meios espiritualista é de que a Mente cria, acho que a maioria dos espiritualistas concordariam com essa questão, daí podemos chegar a uma resposta a nossa questão, a mente humana cria tudo ao seu redor, assim como a mente Única criou tudo o que existe, criamos as coisas que nos fazem bem e também aquelas que nos prejudicam. Geralmente criamos com base em “N” situações de forma consciente ou de forma inconsciente (geralmente criamos mais por meio destas), a culpa, ou o se sentir culpado é fator primordial para a criação mental, ou seja, geralmente somos vítimas do nosso próprio sentimento de culpa, por isso somos atingidos, mas algumas pessoas não têm esse sentimento consciente e nem resquícios subconscientes, não podendo assim a mente criar sem o "material necessário". Criamos com base em nossas crenças, conscientes ou não.

Muitos ao lerem o que escrevemos irão se perguntar: então bem e mal não existem?

Bem e mal são concepções dualísticas, ou seja, são "crenças" necessárias a nós humanos, aprendemos a medir tudo em medidas de opostos, mas se dizermos que são reais e não relativos estaríamos confirmando que o Cosmos também os possui, logo teríamos que conceber uma entidade malévola para se contrapor a uma entidade benévola, algo que os religiosos acabaram fazendo e que de fato é um erro, pois só Existe Ele, O Não-Criado, O Tudo, por mais que se manifeste de várias formas será sempre o Uno, por mais que o adoremos como Deusa, Deus, Odin, Alá e etc., será sempre o Uno, o Cosmos. Alguns diriam também que o mal para existir não necessita de uma entidade malévola, bastaria apenas à ausência do Bem, chegaríamos a outro ponto, pois até mesmo o que é bem é uma concepção humana, criada a partir de valores humanos.

É claro que a partir de tais conceitos não devemos tirar a conclusão que podemos fazer de tudo por que não seremos punidos, primeiro por que a maioria de nós tem travas subconscientes que acabará criando “carma” em virtude de nossos atos e dois por que o caminho do Místico-Ocultista é sem dúvida a união com o Cosmos e para alcançarmos tal união precisamos ficar atentos para sabermos o que é na realidade nossa Real Vontade, a Vontade de nosso Eu Interior, pois qualquer agir que não esteja de acordo com nossa Real Vontade apenas nos afastará ainda mais da nossa Meta Interior.

A partir do que foi escrito acreditamos que dê para responderem nossa pergunta inicial, sabemos que muitas perguntas virão para contradizer o que foi dito, poderíamos escrever muitas páginas como respostas a tais perguntas, todavia não o faremos, não por que já não pensamos em coisas do gênero, mas sim por que preferimos que cada um reflita e medite por si próprio para chegar a respostas de suas questões.

Para encerrar, li recentemente uma frese em um livro que achei esplendida que deixo aqui para todos:


“Nós enxergamos tudo num espelho. Agora você teve um vislumbre de como é o outro lado do espelho. Não posso lustrar e polir o espelho inteiro. Se pudesse, você veria até mais coisas; porém, não enxergaria mais a você mesma.”
Joistein Gaarder, Através do Espelho.





* O termo “Ciências Ocultas” utilizado por nós neste humilde texto se refere à ciência que é empregada pelos Místicos e Ocultistas desde os tempos mais remotos, ou seja, a ciência que busca o conhecimento das Leis Espirituais e sua aplicação em nosso plano, o conhecer e o botar em prática e não mera especulação dogmática das religiões e de algumas “pseudo-ordens iniciáticas”.